Sexualidade
na adolescência
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Por: Stella R. Taquette |
A sexualidade, uma
das características mais importantes do ser humano, está
presente desde os primórdios da vida. O ser humano é movido
por suas pulsões libidinais direcionadas à busca do prazer
e estas se manifestam muito precocemente. Manifestações
sexuais podem ser visualizadas em imagens ultrassonográficas
de fetos do sexo masculino, como por exemplo a ereção
peniana. Já as meninas desde os primeiros dias de vida apresentam
lubrificação vaginal. Estes comportamentos são
uma demonstração da potencialidade biológica para
o desenvolvimento da sexualidade. Sensações sexuais estão
presentes durante todo o desenvolvimento da criança, desde a
amamentação até o início pubertário,
quando então há uma intensificação destas
sensações. É com a chegada da puberdade, com o
desenvolvimento físico, que o ser humano se torna apto a concretizar
a sexualidade plena através do ato sexual propriamente dito,
que permite tanto obter prazer erótico como procriar.
O aumento do interesse sexual coincide com o surgimento dos caracteres sexuais secundários. Este interesse é influenciado pelas profundas alterações hormonais deste período da vida e pelo contexto psicossocial. O prazer resultante do ato sexual diferencia o ser humano do restante dos animais. Ele é o único ser que, objetivamente, pode ter relação sexual só pelo prazer e não com finalidade reprodutiva (Levin, 1969; Dolto, 1977) e na adolescência isso se torna evidente (Silber, 1985). Apesar da sexualidade ser definida como um conjunto de fenômenos que permeia todos os aspectos de nossa existência ela é vista inicialmente como um fenômeno biológico. Porém, sabe-se que é também social e psicológico e só pode ser compreendido quando situado no âmbito e nas regras da cultura em que se vive. Em cada sociedade são diferentes as proibições e permissividades em relação à atividade sexual. No processo de adaptação cultural do ser humano, o controle da sexualidade é um dos aspectos centrais. Praticamente todas as culturas impõem alguma forma de restrição ao comportamento sexual. A complexidade e ambigüidade da sexualidade residem principalmente no fato da reprodução não ser seu objetivo primordial. Historicamente podemos observar que a sociedade humana se inicio u com uma proibição ao livre exercício da sexualidade, o tabu do incesto (Lévy-Strauss apud Dor, 1989). A religião também exerceu e ainda exerce grande influência no comportamento sexual dos indivíduos. Segundo a interpretação da igreja católica sobre a criação do mundo, Adão e Eva foram expulsos do paraíso porque se tornaram sexuados. No paradigma monástico do início da era cristã, todas as pessoas sexuadas eram consideradas pecadoras. Só os monges, que viviam isolados no deserto eram puros. Porém, mais tarde, no século IV, outra interpretação foi dada por Santo Agostinho, que acreditava que o castigo divino a Adão e Eva deveu-se ao prazer resultante do ato sexual e não ao ato em si. A partir daí, a concupiscência da carne, passou a ser considerada um pecado (Ariès & Duby, 1995). Em outras culturas e em outras épocas da humanidade restrições ao livre exercício da sexualidade foram impostas por motivos econômicos, como por exemplo no desenvolvimento da sociedade capitalista o sexo foi reprimido porque ser incompatível com o trabalho (Foucault, 1988). Em nossa sociedade sexo ainda é um tabu e os problemas relativos à sexualidade são muito freqüentes. Acompanhar desde cedo o processo de desenvolvimento pode ajudar o adolescente a prevenir problemas futuros como abuso sexual, gravidez não desejada, promiscuidade ou dificuldades sexuais propriamente ditas como frigidez, impotência sexual, ejaculação precoce, etc.
Desenvolvimento
Psicossexual
Freud,
o “pai” da psicanálise, elaborou uma teoria sobre a
sexualidade, até hoje referida pela maioria dos autores. Ele classificou
o desenvolvimento sexual em cinco fases: oral, anal, fálica, latência
e genital, conforme a idade do indivíduo e a localização
corporal da principal fonte de sentimentos prazerosos.
Primeiro
ano de vida
Nesta etapa da vida, o bebê a princípio não se diferencia de sua mãe, sentindo-se ligado a ela, como se ambos fossem uma só pessoa. Sua comunicação com o mundo se dá principalmente através da boca, pela sucção e pelo choro. O bebê sente-se bem quando suas necessidades orgânicas internas são saciadas através da amamentação. Ele sente-se seguro e calmo também quando é acariciado e aconchegado ao colo. Esta etapa foi denominada por Freud de “fase oral”, pois a boca é a parte do corpo onde há primazia dos sentimentos prazerosos. Porém, não é só a boca a detentora destes sentimentos prazerosos nesta fase. O bebê também gosta e necessita ser acariciado em todo o seu corpo. Durante o primeiro ano de vida o bebê descobre fortuitamente seus genitais e sente prazer em tocá-los. É comum em serviços de saúde vermos os bebês manipularem seus genitais assim que suas mães retiram-lhes a fralda para serem examinados pelo médico. O hábito de chupar o dedo ou a chupeta, a necessidade de colocar tudo na boca, quando já tem coordenação motora para isso, o desejo de morder, tudo isso é representativo do prazer que o bebê sente na região oral.
Segundo
ano de vida
Durante o segundo ano de vida a criança se desliga parcialmente das necessidades orais, passando a se concentrar em outras atividades recém adquiridas. Ela já consegue andar e explorar melhor o ambiente em que vive. Nesta etapa muita atenção é dada às regiões genitais, pois é nesta fase que se adquire o controle esfincteriano. A partir dos 18 meses a criança já tem potencialmente maturidade neurológica para conter os esfíncteres, quando está desperta. Com o treinamento exercido pelos pais, a criança concentra grande parte de sua energia na aprendizagem deste controle e fica atenta à manipulação de seu corpo, quando é higienizada. Freud denominou esta etapa de “Fase anal”, por observar o grande prazer que as crianças demonstravam na região anal. As crianças freqüentemente brincam com a retenção de suas fezes e urina. Muitas revelam o prazer que sentem na região anal retardando o ato de defecar até a hora em que o bolo fecal acumulado produz violentas contrações musculares e sua passagem pelo esfíncter anal causa grande excitação das mucosas. Freud considera a retenção das massas fecais uma excitação masturbatória da zona anal.
Terceiro
ao sexto ano de vida
Esta etapa é muito marcante no desenvolvimento do ser humano. As crianças descobrem de fato seus órgãos genitais e percebem as diferenças que existem entre meninos e meninas. É também nesta fase que percebemos uma ligação afetiva preferencial da criança com o genitor do sexo oposto. Ao descobrir os genitais, a grande diferença entre os sexos observada pelas crianças é a presença do pênis nos meninos e a sua falta nas meninas. Há evidências de que as meninas pensam não ter pênis porque alguém lhes cortou ou que ele ainda vai crescer. Elas se sentiriam inferiorizadas em função deste fato, mas há teorias que sustentam que a verdadeira fonte deste sentimento de inferioridade estaria na condição social da mulher, que simbolizaria na falta do pênis seu sentimento de inferioridade.
Esta
fase se caracteriza por uma grande curiosidade sexual. As crianças
adoram olhar as pessoas desnudas e também serem olhadas e se manipularem.
Ao descobrir os genitais, estes são explorados e manipulados. A
manipulação é prazerosa e com isso a criança
tende a repeti-la outras vezes. Freud denominou esta etapa da vida de
“Fase fálica”, devido à primazia de as sensações
prazerosas estarem anatomicamente localizadas na região do “falus”
genital (Freud, 1958b).
As
crianças nesta fase mostram preferência pelo genitor do sexo
oposto, muitas vezes até dizendo literalmente: “vou casar
com o papai” ou “minha mãe é minha namorada”,
tentando excluir o outro genitor da relação familiar, mesmo
sabendo que gosta também do outro e até sentindo culpa por
querer expulsá-lo desta relação amorosa. A este “triângulo
amoroso” Freud denominou de “Complexo de Édipo”,
baseado na peça homônima “Édipo rei”,
escrita na antigüidade por Sófocles. Esta peça ilustra
a relação amorosa existente entre pais e filhos, a quebra
do tabu do incesto e sua repercussão no futuro (Azoubel Neto, 1993).
Freud define o Complexo de Édipo como um conjunto organizado de
desejos amorosos e hostis que a criança experimenta relativamente
a seus pais.
Ao
descobrir a diferença entre os sexos no terceiro ano de vida, o
menino tende a se aproximar apaixonadamente de sua mãe, tentando
excluir o pai desta relação. Porém, provavelmente
sente muita culpa por isso, pois o pai também é amado e
importante para ele. Segundo Freud, ele teme ser castigado por desejar
a exclusão do pai e perder seu pênis; ser castrado e se tornar
uma menina, que ele imagina ter sido castrada. A menina, quando descobre
que não tem pênis, demonstra sentimento de inferioridade.
Tenta urinar na mesma posição dos meninos e muitas vezes
afirma ter preferido ser homem. Depois de algum tempo entende que nunca
vai ter um pênis, pois sua mãe jamais teve um. A partir daí
ela se aproxima do pai, que possui o que ela não tem.
No
período edípico, as crianças enfrentam sentimentos
e sensações de atração sexual pelo genitor
do sexo oposto, além do ciúme, culpa, medo e hostilidade
em relação ao genitor do mesmo sexo. O complexo também
incluiria a culpa associada a estes sentimentos. Porém é
importante lembrar que todas estas interpretações do comportamento
das crianças em seu desenvolvimento são dependentes da cultura
em que vivemos. É impensável o conceito de um Édipo
sem uma cultura que o sustente. A determinante psicológica faz
parte da infra-estrutura de todo sistema social e a situação
edípica e as relações familiares representam o veículo
e a vertente principal da formação do ser social e de sua
identidade.
Sétimo
ano de vida à puberdade
Nesta idade as crianças já estão na escola, iniciando seu aprendizado formal. Grande parte da energia libidinal é deslocada para este aprendizado. Muitas atividades novas surgem. A criança passa a conviver com muitas outras crianças e sente muito prazer nestas atividades, desligando-se parcialmente das questões relativas a seus genitais. Freud denominou este período de “Fase de latência”, na qual parece não haver primazia de sentimentos prazerosos em nenhuma parte anatômica do corpo.
O
período de latência se iniciaria quando o complexo de Édipo
entra em declínio. Este declínio corresponderia à
consciência da criança de que é impossível
realizar seu duplo desejo, amoroso e hostil, em relação
aos pais. Não podendo se livrar do “rival” (o genitor
do mesmo sexo), a criança procuraria se identificar com ele (Freud,
1958c). Neste período o pai e a mãe tornariam-se modelos
do papel masculino e feminino para filho e filha respectivamente.
Ao
se desligar um pouco de suas tensões sexuais, a criança
passa a se interessar pelo aprendizado da escola, que lhe possibilita
a aquisição de novos conhecimentos e diferentes conquistas.
Esta fase termina com o início da puberdade. A energia libidinal
nesta fase de latência está mais voltada ao ensino formal
e à aquisição de novas habilidades.
Período
pubertário
O
início da puberdade, com o estímulo dos hormônios
sexuais, propicia uma intensificação das emoções
sexuais. Com o desenvolvimento do corpo e dos órgãos genitais,
há um aumento do desejo sexual, que agora tem um órgão
sexual pronto para consumá-lo. A masturbação volta
a ser freqüente, não mais como uma atividade auto-erótica
e sim com um fim sexual (Knobel, 1984). Ou seja, na fase fálica
as crianças se masturbam por sentir prazer neste ato. Na fase pubertária,
em que os órgãos genitais estão em desenvolvimento,
os adolescentes se masturbam pensando em alguém, imaginando um
ato sexual. É nesta fase que ocorre o início da atividade
sexual genital propriamente, a que Freud denominou “Fase genital”.
Características
do comportamento sexual na adolescência
O
comportamento sexual de um indivíduo depende não só
da etapa de desenvolvimento em que se encontra, como do contexto familiar
e social em que vive. Na atualidade, a sociedade tem fornecido mensagens
ambíguas aos jovens, deixando dúvidas em relação
à época mais adequada para o início das relações
sexuais. Ao mesmo tempo em que a atividade sexual na adolescência
já é vista como um fato natural, largamente divulgado pela
mídia, que estimula a aceitação social da gravidez
fora do casamento, ainda se vêem a condenação moral
e religiosa ao sexo antes do matrimônio e atitudes machistas rejeitando
as mulheres não “virgens”. Este contexto dificulta
o relacionamento entre as moças, de quem são cobradas atitudes
castas, e os rapazes, que têm de provar sua masculinidade precocemente,
com o início muitas vezes prematuro da atividade sexual, por pressão
social. Outro aspecto importante é a defasagem existente entre
a maturidade biológica, alcançada mais cedo, e a maturidade
psicológica e social que cada vez mais tarde se torna completa.
Perante este quadro os jovens se encontram perdidos, sem um parâmetro
social claro de comportamento sexual e com uma urgência biológica
a ser satisfeita em idade precoce.
Em
relação à etapa do desenvolvimento, observam-se as
seguintes características do comportamento sexual adolescente:
Construção
da Identidade sexual
Durante
a adolescência é comum observarmos uma fase de “homossexualidade”,
em que as meninas convivem com suas amigas intimamente, trocando confidências
e os meninos buscam parceiros para brincadeiras e vivências. É
uma fase de experimentação sexual, que geralmente não
influi na identidade sexual adulta futura. A identidade sexual adulta
se define e se afirma durante todo o processo evolutivo pela identificação.
Segundo Werebe (1979), a orientação sexual de um indivíduo
está mais ligada ao sexo que lhe foi atribuído quando do
nascimento e à atitude do ambiente do que ao sexo gonádico
propriamente dito.
Freud diz que é somente após a puberdade que o comportamento sexual assume sua forma definitiva. A identidade sexual só é consolidada no final da adolescência, com a passagem para a idade adulta (Aberastury et al., 1988). Segundo a teoria psicanalítica, na infância existe uma “bissexualidade” que vai sendo substituída pela identidade sexual masculina ou feminina à medida que ocorrem as transformações biológicas do corpo e as condutas psicológicas e sociais são apreendidas. A moda unissex mostra claramente a ambivalência da definição sexual na adolescência. Através da roupa e do cabelo pode-se ver como o jovem expressa seus conflitos de identificação sexual. Portanto é normal que na adolescência apareçam períodos de predomínio de aspectos femininos no menino e masculinos na menina. A posição heterossexual adulta exige um processo de flutuação e aprendizagem de ambos os papéis. As experiências homossexuais ocasionais entre adolescentes não podem ser consideradas patológicas, pois é um processo de angústia da definição sexual.
Abuso
sexual
Ter
a noção de que o sentimento sexual existe e está
presente em todas as etapas da vida é um dado importante que se
deve ter em mente para se prevenir o abuso sexual, freqüente em nosso
meio. As crianças e adolescentes são vulneráveis
a abusos sexuais e às vezes se submetem porque têm prazer
em serem acariciados e manipulados. Os jovens têm uma necessidade
especial de relacionamentos próximos. Se esta necessidade não
é preenchida, eles podem procurar outros meios de satisfazê-la
e acabar submetidos a abusos sexuais, sendo que na realidade estão
em busca de carinho e afeto. Outro aspecto importante a ser ressaltado
é que durante a adolescência há uma reativação
do complexo de Édipo, que agora pode ser concretizado de fato,
pois já há maturidade biológica para isso. E, além
do desejo que os filhos sentem pelos pais, também há o desejo
dos pais pelos filhos, que estão no auge de sua beleza e potência
físicas. Conseqüentemente o abuso sexual ocorre com mais freqüência
dentro da própria casa do adolescente, e este se sente sem condições
de buscar ajuda para se livrar desta situação em que tantos
sentimentos contraditórios estão envolvidos.
Pais
e adolescentes devem ser orientados para que estes não se exponham
a situações em que o abuso sexual possa ocorrer - por exemplo,
ficar a sós com adolescentes ou adultos sem a proteção
de pessoas de confiança - , proteger-se de ambientes promíscuos
e procurar ajuda nos casos em que houver abuso ou suspeita de abuso. É
importante também orientá-los sobre aspectos de seu desenvolvimento,
respondendo suas dúvidas a respeito de sexo, conscientizando-os
da presença intensa dos sentimentos sexuais em todos os seres humanos.
Abordagem
da sexualidade
Como
é durante a adolescência que o desenvolvimento sexual adquire
a sua plenitude, permitindo a procriação, é fundamental
que este tema seja privilegiado pela equipe de saúde que atende
o adolescente. Quando um/uma adolescente procura um serviço de
saúde, por qualquer motivo, é uma grande oportunidade para
que se possa orientá-lo(la) sobre questões sexuais e identificar
se há algum problema nesta área. É importante também
chamar a atenção que lidar com questões relativas
à sexualidade dos pacientes é também mobilizar sentimentos
e experiências do próprio profissional envolvido.
Um
adolescente pode procurar um serviço de saúde para esclarecer
dúvidas em relação a seu corpo ou ao funcionamento
de seus órgãos genitais. Porém ele também
pode procurar este serviço com queixas somáticas ou dificuldades
de relacionamento em algum ambiente social que tem como pano de fundo
um problema de natureza sexual. Portanto, em qualquer atendimento de um
adolescente em um serviço de saúde a questão da sexualidade
deve ser abordada.
Em
primeiro lugar precisamos identificar em que fase do desenvolvimento puberal
o/a adolescente se encontra, pois, como já foi descrito acima,
existem preocupações características das diversas
fases da adolescência. Em seguida é importante perguntar
sobre as experiências sexuais que o/a adolescente já teve.
Para não invadir ou ferir a timidez de alguns adolescentes e se
obter respostas sinceras, deve-se primeiro falar de assuntos neutros.
Perguntar genericamente sobre a escola, atividades nas horas de lazer,
sobre amigos. Depois perguntar sua opinião sobre namoro, orientação
sexual recebida em casa, etc. A partir daí já se tem um
quadro desenhado sobre o adolescente e pode-se ir direto ao assunto, perguntando-lhe
como se sente em relação ao sexo, quais as experiências
que já teve, prazerosas ou não, traumáticas ou não
e que conseqüências ele acha que isso teve para sua vida.
A
orientação a ser dada pelo profissional de saúde
não pode ser preconceituosa e nem carregada de códigos morais
ou religiosos. Devem ser utilizadas de preferência terminologias
próprias e não gírias. É necessário
orientar o adolescente e sua família sobre as transformações
que ocorrem em seu corpo, sobre as sensações sexuais, o
caráter normal da masturbação, da curiosidade sexual,
do tamanho dos órgãos genitais e sobre o ato sexual propriamente
dito e suas conseqüências. Enfatizar que o ato sexual envolve
duas pessoas, é de caráter íntimo e privado e que
ambas têm que estar de acordo com o que está sendo feito
e, portanto, prontas para assumir as responsabilidades advindas deste.
No caso de adolescentes que já tenham atividade sexual genital,
ou estejam prestes a iniciá-la, estes devem ser orientados quanto
à anticoncepção e prevenção de doenças
sexualmente transmissíveis.
O
profissional de saúde deve estar aberto e disponível a responder
perguntas que o adolescente ou sua família possam ter. É
importante também ser continente às angústias por
que passam nessa etapa da vida.
A vida sexual está começando cada vez
mais cedo e os jovens precisam estar preparados para lidar com a
sexualidade de maneira consciente e responsável. Muitos têm dúvidas que
imaginávamos não mais existirem num mundo em que o acesso à informação
está amplamente facilitado e, em busca de
esclarecimento, acabam recorrendo a colegas que sabem tão pouco quanto
eles. Por outro lado, a pressão do grupo do qual fazem parte, às vezes, é
razão suficiente para que assumam comportamentos e atitudes que não têm
maturidade para arcar com as conseqüências. Por isso, os pais devem
estar atentos às transformações pelas quais os adolescentes passam, e
abertos para o diálogo. Se lhes falta naturalidade para enfrentar o
desafio, o ideal é que procurem ajuda de profissionais capacitados para
orientá-los.
Veja entrevista feita por por Drauzio Varella com Dr. Maurício de Souza Lima, médico hebiatra:
:: Perguntas feitas pelos adolescentes
a) Risco de gravidezDrauzio – Esta é uma das perguntas que os adolescentes mais fazem: ”Quando há penetração, mas o namorado não ejacula, a garota pode engravidar apenas entrando em contato com o líquido que saí antes da eliminação do esperma?”. Mauricio de S. Lima – Há perigo, sim, embora as possibilidades sejam remotas. São remotas, mas existem se o namorado ejaculou antes da penetração. Nesse caso, alguns espermatozóides podem ter permanecido no pênis, alcançar o útero e, eventualmente, chegar ao óvulo para fecundá-lo. É importante lembrar que, em qualquer situação, mesmo quando não há penetração, os jovens devem usar sempre preservativo como forma de precaver-se não só contra a gravidez, mas também contra as doenças sexualmente transmissíveis. Drauzio – “Se meu namorado gozar na cueca e depois ficar se esfregando em mim, corro risco de engravidar?”. Mauricio de S. Lima – Se o namorado ejaculou na cueca, acho que o risco de gravidez é praticamente zero. Aliás, essa pergunta é parecida com outras que os adolescentes costumam fazer – “Posso engravidar se sentar num banco de ônibus ou no assento do vaso sanitário onde alguém tenha ejaculado?” – e a resposta é a mesma. Drauzio – Os espermatozóides podem sobreviver nessas situações a seco? Mauricio de S. Lima – A seco, não podem. Para sobreviver, precisam do meio adequado que a vagina lhes propicia. Drauzio – “Se, ao masturbar meu namorado, tiver contato com o esperma e não lavar as mãos antes de me masturbar, posso engravidar?”. Maurício de S. Lima – Aí, caímos de novo na questão da capacidade de sobrevivência dos espermatozóides. É bom lembrar que, normalmente, o homem ejacula mais ou menos 3mL de esperma que contêm cerca de 300 milhões, 400 milhões de espermatozóides. Desses todos, só um consegue chegar ao óvulo para fecundá-lo. Como se vê, é necessário um número muito grande de espermatozóides para que um deles tenha sucesso na corrida em direção ao óvulo. Drauzio – “Se eu deixar de tomar pílula um dia, corro o risco de engravidar?”. Maurício de S. Lima – Corre risco, sim. A recomendação escrita na bula do medicamento deixa claro que, se a pessoa esquecer um dia de tomar a pílula, deve tomar duas no dia seguinte. Minha recomendação, porém, nos casos de esquecimento, é a dupla proteção, ou seja, além de tomar duas pílulas anticoncepcionais no dia seguinte, o parceiro deve usar camisinha até a garota terminar aquela cartela. Drauzio – Não se pode esquecer de que tomar a pílula regularmente é muito importante para a vida das adolescentes. Mauricio de S. Lima – Tão importante que o médico só prescreve a pílula anticoncepcional, quando tem certeza de que a adolescente tem condições de criar uma rotina para tomá-la com regularidade. Mesmo assim, ninguém está livre de esquecimentos. Por isso, recomenda-se que menina cumpra um ritual. Colocar a cartela ao lado da escova de dentes pode ajudá-la a lembrar-se de tomar a pílula sempre no mesmo horário, por exemplo, à noite, quando for preparar-se para dormir. Outra recomendação importante para a adolescente está namorando é sobre a camisinha que deve ser usada sempre mesmo que ela esteja tomando anticoncepcional. Esse é o conceito de dupla proteção que se defende atualmente. Drauzio – Não é melhor tomar a pílula no café da manhã, uma vez que, em caso de esquecimento, a adolescente tem o dia inteiro para lembrar? Mauricio de S. Lima – O mais importante é criar o hábito. Daí tanto faz: a pílula pode ser tomada pela manhã, sim, ou à noite. Algumas adolescentes, porém, se queixam de enjôo perto do café da manhã. Essas devem deixar para tomar a pílula à noite. As coisas complicam um pouco, quando os pais não sabem que a filha toma anticoncepcional. Às vezes, a cartela precisa ficar com o namorado. A esse respeito, existe o caso pitoresco de um casal de adolescentes de uma cidade do interior a quem o médico não deu as explicações necessárias quando prescreveu a pílula. O rapaz levou o remédio para casa para evitar que a família da moça soubesse e acabou tomando as pílulas todas certo de que, assim, estariam protegidos. Citei essa experiência só para mostrar que ainda existem dúvidas relacionadas com a sexualidade que julgávamos superadas. Se existem, o assunto tem de ser discutido com os adolescentes. Drauzio – Como funciona a tabelinha? Maurício de S. Lima – A melhor resposta é: a tabelinha não funciona. Na verdade, ela não é um método anticoncepcional em que se possa confiar. Teoricamente, a mulher tem um dia fértil durante o ciclo menstrual, um dia em que o óvulo está receptivo ao espermatozóide e a gravidez acontece. O problema é que esse dia varia muito. Se a menina pegou um resfriado, por exemplo, ou se tem um ciclo irregular, é quase impossível determinar com precisão o dia fértil. Como conseqüência, o risco de engravidar aumenta consideravelmente nos casais que usam a tabelinha como método anticoncepcional. Drauzio – É sempre importante enfatizar que a ovulação ocorre 14 dias antes da próxima menstruação. O problema é que não há como determinar com certeza quando ocorrerá a menstruação seguinte nem em que data cairá o dia fértil. Maurício de S. Lima – Em mulheres com ciclo regular de 28 dias, o dia fértil cai sempre no décimo quarto dia depois do início da menstruação. Se o ciclo for de 27 a 34 dias, ele cairá entre o décimo terceiro e o vigésimo dia, o que provoca uma confusão enorme principalmente na cabeça dos adolescentes. Daí, a importância de registrar os dados que se referem à duração e regularidade do ciclo menstrual, pois facilitam a comunicação na consulta médica. Drauzio – “É possível menstruar estando grávida?”. Mauricio de S. Lima – É possível, sim. Às vezes, ocorre um escape de sangue no começo da gravidez. Isso confunde a mulher. Drauzio - “É possível engravidar enquanto estou menstruada?” é outra dúvida que aparece com freqüência em nosso site. Mauricio de S. Lima - É importante esclarecer que algumas mulheres podem ter alguma perda de sangue durante a ovulação e engravidar nesse período. Agora, durante a menstruação propriamente dita, é impossível engravidar. Drauzio – Outra pergunta que as adolescentes fazem é a respeito do tempo que o exame de farmácia leva para dar resultado seguro depois de uma relação sexual suspeita. Mauricio de S. Lima – Não posso dizer exatamente quanto tempo depois da relação suspeita o exame de farmácia pode dar positivo. Esse prazo varia conforme o fabricante e está determinado na bula que acompanha o teste. Já recebi, porém, alguns casos de falso- positivo, ou seja, o resultado do exame de farmácia deu positivo apesar de a menina não estar grávida. Por isso, prefiro o exame de laboratório, seja ele o de urina ou o de sangue. O de sangue beta HCG é muito mais confiável. Drauzio – Muitas meninas fazem mesmo o exame de farmácia quando suspeitam que possam ter engravidado. Essas precisam saber que a data indicada para fazê-lo pode variar de fabricante para fabricante. Portanto, devem estar atentas às instruções que acompanham o teste e, depois, fazer o exame de laboratório para confirmar o resultado. Mauricio de S. Lima – É sempre aconselhável fazer o exame de laboratório para não restar nenhuma dúvida. Drauzio – Quais são os sintomas no início da gravidez? Maurício de S. Lima – No início da gravidez, algumas mulheres se sentem meio estranhas, como se algo estivesse mudando nelas. Muitas têm enjôos, náuseas e chegam a vomitar. Há, porém, aquelas que não sentem absolutamente nada. Portanto, não existem regras que valham para todas as mulheres. Não são poucas as adolescentes que engravidam e só percebem seu estado em estágio mais avançado, porque não apresentaram nenhum sintoma. Principalmente no Ambulatório de Mães-Adolescentes, recebo muitas meninas que demoram para perceber que estão grávidas. b) Primeiras relações Drauzio – Na primeira relação sexual da mulher, o sangramento é obrigatório? Mauricio de S. Lima – Não é. Vai depender do tipo de hímen que a menina tem. Alguns sangram mais na primeira relação, outros sangram menos e há os que não sangram, porque são mais elásticos. Há, ainda, hímens sem abertura, os imperfurados, que não permitem sequer a saída do sangue menstrual que se acumula na região genital. Por isso, é importante que o pediatra verifique que tipo de hímen a menina tem e se pode causar problemas ginecológicos. Drauzio – As meninas perguntam se é normal sentir dor e não ter orgasmo nas primeiras relações. Maurício de S. Lima – São tantos os fatores que envolvem as primeiras relações sexuais, que a dor e a ausência de orgasmo podem ser atribuídas ao fato de a menina não relaxar nem se sentir à vontade com o parceiro. Às vezes até, ela quer ter a primeira relação só para contar para as amigas. Por isso, meu conselho para todas as adolescentes que resolveram ter a primeira relação sexual é que só o façam, quando estiverem certas de que estão preparadas para essa experiência e com alguém que tenham algo em comum. Recentemente, atendi uma garota que me disse: “Dessas férias, eu não passo! Não passo sem ter uma relação sexual”. Eu lhe perguntei se estava namorando ou interessada em alguém. “Não”, foi sua resposta, “mas eu sou a única do meu grupo de amigas que ainda é virgem”. Como se vê, ela estava decidida a ter uma relação, não porque realmente quisesse, mas por pressão do grupo. É preciso discutir com os adolescentes todos esses assuntos, mas pouco se conversa. Às vezes, esquecemos que, atualmente, eles estão expostos a uma quantidade absurda de informação, mas continuam imaturos. Drauzio – É possível num exame ginecológico, o médico descobrir que a menina não é mais virgem? Mauricio se S. Lima – É possível, sim. Em alguns casos, ele pode perceber o hímen roto e pressupor que a menina já teve relação sexual. No entanto, é bom lembrar que o código de ética médica garante o direito ao sigilo para a adolescente, desde que ela expresse seu desejo e não coloque em risco a própria vida ou a de outras pessoas. Se procurou o auxílio de um profissional de saúde porque já teve relação sexual e não que a mãe saiba, não há problema nenhum. Esse direito lhe é preservado. No entanto, a gravidez na adolescência pressupõe que o médico possa quebrar o sigilo. Essas regras e acordos ficam explícitos na primeira consulta. Drauzio – Quer dizer que você é obrigado a informar os pais sobre a gravidez da menina que veio para a consulta? Maurício de S. Lima – Sou obrigado, sabe por quê? Porque certos caminhos que a garota resolva seguir podem colocar em risco sua vida. Apesar de o aborto ser proibido no Brasil, há pessoas que arrumam um jeito de praticá-lo. Ainda há quem use agulhas de tricô ou tome chás que podem provocar sérios danos à saúde. Esse assunto já foi amplamente discutido em vários fóruns de médicos hebiatras e o consenso é que, em caso de gravidez, os pais devem ser informados. c) Outras dúvidas Drauzio – Esta pergunta é feita indistintamente por meninos e meninas: o excesso de masturbação pode ser nocivo à saúde? Mauricio de S. Lima – A masturbação é uma prática comum no desenvolvimento da sexualidade humana. Reflete a experimentação de um prazer que não começa na adolescência. A manipulação dos genitais ocorre também na infância, mas adquire características diferentes nas outras faixas de idade, porque a prática da masturbação não desaparece na vida adulta. Portanto, a masturbação não é nociva se não prejudicar as atividades habituais do jovem. De qualquer modo, é preciso prestar atenção nos meninos e meninas que se masturbam compulsivamente. Deixam de estudar e de fazer exercícios porque seus interesses estão voltados quase que só para a masturbação. Alguns não se preocupam sequer em manter a privacidade, recolhendo-se no banheiro, no quarto ou em local resguardado. Se os pais notarem que isso está acontecendo e atrapalhando dia-a-dia do/da adolescente devem procurar orientação. Drauzio – Quais são os riscos do sexo anal? Mauricio de S. Lima – Um lubrificante usado nos preservativos pode fazer com que ele se rompa mais facilmente. Portanto, mesmo usando preservativos, o sexo anal pode favorecer a transmissão de várias doenças, entre elas a causada pelo vírus HIV. Além disso, dependendo da freqüência com que é praticado, ele pode provocar fissuras na região anal. Drauzio – A próxima pergunta exigiria um programa inteiro para ser respondida. De qualquer forma, você poderia dar uma idéia de quais são os primeiros sintomas das doenças sexualmente transmissíveis e de quais os riscos de não procurar um médico de imediato? Mauricio de S. Lima – Impossível enumerar os sintomas das doenças sexualmente transmissíveis (DST) em tão pouco tempo. Por isso, vou me restringir à doença transmitida pelo vírus HPV, sobre o qual tem-se falado muito ultimamente por causa da vacina que está para ser lançada no mercado. Nossa recomendação é que todas as meninas pré-adolescentes tomem essa vacina, para precaver-se contra o câncer de colo de útero. O principal sintoma da infecção é o aparecimento de uma verruga no pênis ou na vagina. Quanto a procurar um médico, é importante fazê-lo se houve uma relação sexual desprotegida e se surgiu algo de estranho na região genital. A pessoa deve procurar o médico para contar o que realmente aconteceu a fim de que ele possa para ajudá-la.
:: Perguntas feitas pelos pais
a) Despertar da sexualidadeDrauzio – Os jovens estão despertando cada vez mais cedo para a vida sexual? Mauricio de S. Lima – Se pensarmos que aos 15 anos 50% dos meninos e meninas já tiveram a primeira relação sexual, temos de concluir que a iniciação sexual está acontecendo mais cedo. Comparado com os dados obtidos não muitos anos atrás, o primeiro beijo também é uma experiência que ocorre mais cedo. Sem dúvida, essa precocidade é estimulada pelos meios de comunicação deste século XXI – Internet, TV, imprensa falada e escrita, bancas de jornal, etc. – e até por muitos pais que, por exemplo, aplaudem a dança erotizada da menina de cinco anos, mas se assustam e ficam preocupados quando ela, aos dez anos, começa a namorar. Eu defendo que, apesar de todo o apelo à sexualidade, é preciso não saltar etapas e preservar a infância. Como não dá para fugir dessa exposição constante, o jovem deve ser informado sobre todas as questões que envolvem a sexualidade, sobre seus riscos e perigos, sempre lembrando que ela é um impulso normal e fonte de prazer. Por isso, é fundamental conversar com os jovens para que o sexo seja praticado com responsabilidade. b) Iniciativa do diálogo Drauzio – Muitos pais perguntam se devem puxar o assunto ou esperar que os filhos o façam. Mauricio de S. Lima – Se os pais se sentirem à vontade, devem puxar o assunto, sim. Para tanto, podem valer-se de fatos do cotidiano. Se estiverem assistindo a uma novela ou a um outro programa de televisão e uma cena de sexo aparecer no vídeo, devem dar sua opinião sobre sua pertinência. Ou, então, o pretexto pode ser uma notícia ou um artigo publicados numa revista. Para que essas oportunidades sejam aproveitadas, no entanto, os pais devem reservar momentos para o convívio com os filhos, para escutar suas histórias e expressar sua visão sobre determinados temas, como sexualidade e drogas, por exemplo. Muitos se queixam que os filhos não os ouvem – “Ah, eu falo, mas meu filho não me ouve”, argumentam. Ouvem, sim, e conhecer a opinião paterna é sempre muito importante para os adolescentes. Agora, há pais que não se sentirem à vontade para manter esse tipo de conversa. Esses devem procurar a ajuda de um profissional de saúde para discutir essas questões com o adolescente. Não se pode esquecer de que ele recebe informações de todos os lados, mas continua imaturo. b) Outras dúvidas Drauzio – É comum os meninos se preocuparem com o tamanho do pênis. Com que idade ele atinge seu tamanho definitivo? Mauricio de S. Lima – É muito difícil classificar o desenvolvimento do adolescente de acordo com a idade cronológica. Um médico inglês chamado Tanner, em 1962, propôs uma classificação dos genitais masculinos, considerando o tamanho do pênis e o desenvolvimento dos testículos dentro da bolsa escrotal e a conclusão foi que estará dentro da faixa de normalidade o pênis que atingir o tamanho adulto entre os 12 e os 16 anos de vida do jovem. Portanto, um menino de doze anos pode ter corpo e pênis de adulto, enquanto outro, da mesma idade, tem corpo e pênis de criança, mas ambos estão absolutamente dentro dos padrões esperados. Então, em caso de dúvida, o melhor a fazer é procurar um profissional de saúde. É também importante salientar que o tamanho do pênis flácido não está diretamente relacionado com seu tamanho quando ereto. Portanto, dois pênis de tamanhos diferentes, um maior outro menor, quando eretos podem ter tamanho bem semelhante. Realmente, os meninos se preocupam muito com o tamanho do pênis. Muitos chegam a comprar aparelhos, que não deveriam usar, acreditando na falsa promessa de que são capazes de aumentar o pênis. Drauzio – Por que as moças têm libido mais instável do que os rapazes? Mauricio de S. Lima – Se essa pergunta se refere ao desejo sexual, é importante lembrar que a mulher tem uma variação hormonal entre um ciclo e outro. Quando está ovulando, demonstra maior interesse pela relação sexual. Parece um artifício da natureza que visa à perpetuação da espécie. Drauzio – Existe uma idade ideal para levar a menina pela primeira vez ao ginecologista? Maurício de S. Lima – Não digo que exista idade ideal para levar ao ginecologista, nem é preciso esperar a primeira menstruação para que isso aconteça. O importante é que, assim como o acompanhamento do pediatra é indispensável quando os filhos são pequenos, o de um médico especializado em adolescentes é necessário nessa fase da vida. Na verdade, ele atua como um clínico geral que acompanha o crescimento, prescreve as vacinas necessárias orienta a alimentação e trabalha com questões relacionadas com a sexualidade e o desenvolvimento psicossocial dos adolescentes. No entanto, se a menina engravidar, deve procurar auxílio logo e começar a fazer o pré-natal. O maior problema da gravidez na adolescência é que elas escondem o fato até o quarto, quinto mês de gestação, o que torna tudo mais complicado. Drauzio – Existe uma idade determinada para o início da vida sexual? Mauricio de S. Lima – Não existe. Há meninas que aos doze anos têm corpo de mulher e outras que só o terão aos dezesseis, dezessete anos. No entanto, como as relações sexuais estão acontecendo cada vez mais cedo, é preciso que disponham das informações necessárias também mais cedo para saber o que melhor lhes convém. Por isso, defendo que a educação sexual seja encarada de forma ampla e relacionada com a saúde em geral. |
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